Crer na possibilidade de altos níveis de energia limpa como solução para todos os males representa um erro de juízo político. É imaginar que a eqüidade na participação do poder e o consumo de energia podem crescer juntos. Vítimas dessa ilusão, os homens industrializados não põem o menor limite ao crescimento do consumo de energia, crescimento que continua com o único fim de prover cada vez mais gente com mais produtos de uma indústria controlada cada vez mais por menos gente.
Prevalece a ilusão de que uma revolução política, ao suprimir os erros técnicos das indústrias atuais, criaria a possibilidade de distribuir eqüitativamente o desfrute do bem produzido e, ao mesmo tempo, o poder de controle sobre o que se produz. Meu objetivo é analisar essa ilusão. Sustento que não é possível alcançar um estado social baseado na noção de eqüidade e simultaneamente aumentar a energia mecânica disponível, a não ser sob a condição de que o consumo de energia por pessoa se mantenha dentro de limites. Em outras palavras, sem eletrificação não pode haver socialismo, mas inevitavelmente essa eletrificação se transforma em justificativa para a demagogia quando os watts per capita excedem certa cifra.
O socialismo exige, para a realização de seus ideais, um certo nível do uso de energia: não pode vir a pé, nem pode vir de carro, mas somente à velocidade da bicicleta.
in “Energia e Equidade”
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